As duas medicações são famosas quando o assunto é emagrecimento, mas é preciso ter cautela ao utilizá-la, especialmente quando nos encontramos em uma sociedade que busca incessantemente por uma estética de corpo extremamente magro e dentro nos padrões que a sociedade impôs como sendo corretos.
Se o WeGovy se enquadrar nos mesmos princípios que os medicamentos de semaglutida, os profissionais da saúde devem estar atentos para um evento delicado, visto que há um aumento nos distúrbios alimentares e de autoimagem, resultado, principalmente, dos padrões disseminados pela mídia e redes sociais, o que pode levar ao uso inadequado e banalizado do medicamento.
Para se ter uma ideia, transtornos como compulsão alimentar, bulimia e anorexia afetam cerca de 4,7% da população em geral, mas podem chegar a 10% entre a população mais jovem, segundo o Ministério da Saúde.
Assim como o Wegovy, o Ozempic conta com a semaglutida, um análogo de uma substância do organismo chamada de GLP-1, que tem a função de mostrar ao cérebro que já estamos alimentados e de controlar a vontade de comer. Ambos são injetáveis e devem ser aplicados semanalmente.
Porém, enquanto o Wegovy é indicado oficialmente para a obesidade, o Ozempic é destinado para o tratamento da diabetes tipo 2.
A semaglutida não pode ser vista como a solução mágica da vez. De acordo com a psiquiatra especialista em transtornos alimentares Malu de Falco, todo transtorno alimentar começa com uma dieta. O Ozempic está sendo usado como um controle de dieta. Tudo o que representa um gerenciamento do que se come e, ainda por cima, traz emagrecimento rápido, pode sair do controle, além disso, a pessoa fica cada vez mais magra, mas sem consistência, sem bem-estar, então pode ficar dependente dessa imagem magra. Será que um dia ela vai desmamar do Ozempic?
As recomendações de uso das medicações, entretanto, são diferentes e, de acordo com especialistas, a utilização sem acompanhamento médico pode provocar efeito rebote, como reganho de peso e aumento do índice glicêmico.